\\ Blog diário de bordo

23 Feb 2011

PRÓLOGO

23 fevereiro 2011 – Quarta-feira

S'imbora!

S'imbora!

Olha só… a vida é mesmo cheia de surpresas… e engraçado é que por vezes quem nos surpreende somos nós mesmos, com nossas próprias idéias!  Pois não é que depois de velho, aos 51 anos, resolvi dar uma volta ao mundo de bicicleta ?

Saída pela esquerda...

Saída pela esquerda...

Nem eu estou acreditando.  Mas eis que – do nada – me decidi,
comprei a magrela, a barraca, o saco de dormir, fogareiro, máquina fotográfica, notebook, e mais uma penca de acessórios que nem sei ainda se caberão nos alforjes, que comprei também.  Prá complicar, saí contando pros amigos que iria rodar 70 mil quilômetros por 63 países, em 5 anos.  Acho que fiz isso foi mesmo prá travar a catraca…  agora não dava mais prá voltar atrás.

E ainda faz trim trim...

E faz trim trim...

Do clássico dilema “não sei se me caso ou compro uma bicicleta”
achei a solução ideal:  comprei uma bicicleta e casei-me com ela.

Mas que bicho me mordeu ?  De onde foi que tirei essa idéia ?

Oh vida...

Oh vida...

Bem… a história é curta:  em dezembro de 2009 tive de me submeter a uma cirurgia radical para extrair dois discos da coluna cervical porque estavam pressionando a medula;  em abril de 2010 minha empresa começou a ratear devido a mudanças no mercado que eu não estava conseguindo acompanhar; em agosto tivemos de internar minha mãe porque o Alzheimer estava adoecendo o restante da família e em novembro meu velho se foi.  Não bastasse, em fevereiro de 2011 a situação setorial entortou de vez e tive de vender a empresa.

puxa...

puxa...

Surpreendido sem um plano B, ainda aturdido por tantas porradas
consecutivas, saí a ter idéias do que fazer da vida para voltar a ganhar dinheiro.  Tive várias, mas o fato é que nenhuma me satisfazia. Simplesmente não estava com energia para começar de novo, na mesma velha São Paulo, tudo do mesmo jeito.  Cheguei a um…

Aí, pensei:  “No c´…, meu!  Sem saída o c…!  (perdão pelas expressões de baixo calão, mas essas coisas são f… mesmo).  Pois se é assim, e se tenho de sair me virando de novo, agora estou livre e posso priorizar aquilo que mais gosto de fazer: viajar”.

Eu adoro isso...

Eu adoro isso...

Se ele foi...

Se ele foi...

Fuçando, deparei-me com o site de um cara que havia dado uma volta ao mundo em bicicleta, o Argus Caruso.  Pensei: “eu também posso fazer isso, ou ao menos tentar”.  Num primeiro momento, a idéia pareceu-me esdrúxula mas, estranhamente, a partir daí a cada segundo ela foi ganhando consistência, até virar uma determinação.

Levanta, sacode a poeira

Levanta, sacode a poeira

Concluí que uma aventura dessas iria me trazer várias vantagens concomitantes:  Iria me permitir realizar o sonho de conhecer o mundo, me restaurar a forma física, me tirar do isolacionismo, me afastar por um tempo de São Paulo e, sobretudo, iria me devolver o prazer de viver. De quebra, iria até me tornar uma pessoa melhor.  Eureka!

Valdecir João Vieira

Valdecir João Vieira

O segundo blog de cicloturismo que encontrei foi uma excitação.  Fui lendo avidamente  até descobrir que o cliclista, o grande Valdo, havia morrido de infarto ao chegar no México.  Porém ele havia partido para a sua viagem já aos 64 anos…  eu, apesar das hérnias lombares, tinha 13 de vantagem. Mas de sua aventura, e justamente por causa das dores que sinto nas costas, extraí a idéia de fazer a viagem numa bicicleta reclinada, o que proporcionaria maior conforto e proteção à coluna.

Seriam 123 km...

Seriam 123 km...

Então saí na captura de alguém em São Paulo que pudesse me fornecer uma bicicleta reclinada… para descobrir que não havia ninguém.  Achei apenas três fabricantes no Brasil, um em Araçoiaba da Serra, a Solyom Bikes; outro, Alain Jannuzzi, localizado não sei onde e um terceiro, a Zöhrer, no Rio de Janeiro.  Liguei para a Solyom, fui bem atendido mas informado de que no momento não havia uma bicicleta montada para demonstração.  Bem, esse era o principal quesito para eu topar uma viagem até lá… não foi dessa vez.

Pedal2 em reforma...

Pedal2 em reforma...

Então liguei para a Zöhrer e fui atendido pelo proprietário, Pedro Zöhrer, que me disse que tinha uma disponível para eu conhecer.  Marquei com ele de nos encontrarmos na manhã seguinte, às 10 horas, numa bicicletaria do Catete, a Pedal2.

Geléia, meu brother

Convidei o Geléia, meu amigo, para encarar a Dutra comigo.  Por sorte ele estava sem freelas para o dia e topou.  Caímos na estrada e chegamos ao crepúsculo na Cidade Maravilhosa, onde nos instalamos num hotel ao lado da bicicletaria onde seria o encontro.  À noite, demos um giro de carro, de reconhecimento, jantamos e fomos bater pernas no calçadão de Copacabana.

Cidade maravilhosa

Cidade maravilhosa

Aí sim...

Aí sim...

Pela manhã, o Pedro nos apresentou seu modelo EXD Extra Distance e eu a achei bem curiosa.  Longa, com uma poltrona no lugar do selim, roda de trás grande e a da frente pequena… e uma corrente imensa.  E fui experimentá-la.  Na primeira pedalada quase atravesso no meio da rua.  Tentei novamente e a bicicleta saiu incerta, em zigue-zague, impondo respeito ao trânsito que vinha atrás mais pela ameaçadora imperícia do piloto…  A posição em que me encontrava sentado era estranha, mas vi que o problema era que o banco estava muito para trás.  Quando na Avenida do Catete parei e o coloquei no ponto ideal as coisas melhoraram muito.

Ciclovia do Flamengo

Ciclovia do Flamengo

Saí entusiasmado em direção à praia, onde sabia haver uma ciclovia. E ali tive a certeza de que me daria bem com a magrela.  Era realmente confortável e fácil de conduzir, depois que se pegava a manha.  Retornei à bicicletaria e fechei negócio:  ficaria com aquele exemplar amarelo usado para já ir treinando, enquanto a Zöhrer me montaria uma exclusiva, preta-fosca, reforçada e com várias melhorias.

Primeira parceria

Primeira parceria

Acertamos o preço, que teve um bom desconto em função de meu projeto ser interessante ao marketing da empresa.  Botamos a bike no bagageiro da Parati e voltamos para São Paulo, felizes da vida com a missão cumprida.  Minha aventura estava começando com o pedal direito.

Tudo a ver...

Tudo a ver...

Agora era preciso dar um caráter mais universal ao projeto, agregar algo no que eu pudesse exercer minha experiência jornalística.  A idéia surgiu em uma conversa com meu amigo Antonio Prada, diretor de conteúdo do Terra América Latina, que sugeriu o enfoque ecológico.  Perfeito, tudo a ver com a minha visão de mundo e de futuro.  Só faltava um nome.  E foi assim que surgiu o projeto RODAS LIVRES – ciclismo pela conscientização ecológica, que veio para soprar a brasa e reavivar a chama dos meus próximos anos, de forma saudável, elegante e enriquecedora (tudo bem, um tantinho perigosa também).

Lei da Atração

Lei da Atração

Estabeleci algumas metas:  submeter-me a um check-up
cardiológico, outro odontológico, criar um logo, concluir o projeto de apresentação, montar um site que contivesse um blog… e obter patrocínio para a empreitada (porque se eu for com a minha grana até dá, mas volto 5 anos mais velho e 5 anos mais pobre…).  E também entrar em forma.

Pedala, pedala nego

Pedala, nego

Edu by Edu

Edu by Edu

Comecei tudo ao mesmo tempo…  marquei o check-up com o Dr. Paulo Magno Martins Dourado, da Clínica Pro-Coração, pedi ao meu amigo Eduardo Souzacampus, exímio desenhista ilustrador, que me socorresse com a criação do logo e saí pedalando pelas rodovias que partem da capital… (continua)

Quase isso...

Quase isso...

\\ comentários

  1. Encantada com sua história!

  2. Jeanne Callegari

    Muito legal o projeto e a história!
    Li todos os posts, de trás pra frente, acompanhando os preparativos, hehe.
    🙂

  3. Caro capitão, parabéns pelo projeto. Pode indicar um e-mail para contato. Um abraço, Santini
    http://www.outrasvias.com.br / danielsantini @ gmail.com

  4. Grande Capitão,
    emocionante a sua descoberta, o seu encontro. Que história linda! Eu também fiz uso do clássico dilema “não sei se me caso ou compro uma bicicleta” e casei-me com uma bike. Estamos em lua de mel 😉 …chegando de muda em São Paulo. O seu projeto é demais desde o nome. ADOREI! Eu também peço email para contato.
    http://amacaca.wordpress.com/ lina.depaula@gmail.com
    Grande abraço

  5. Érikita

    Thioo Thethé,

    Muito sucesso nessa nova caminhada… ops! pedalada.

    Bjos milllll… quando estiver na Índia tira uma photo especialmete pra mim.

    Namastê!

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