Projeto Rodas Livres

11 abril 2011 – Segunda-feira

agora não!

Ontem não pedalei, mas nem por isso o projeto ficou parado.
Um ponto que vem me incomodando é o fato de que a Cordilheira dos Andes fica bem no meio do meu caminho entre São Paulo e a Via Panamericana… Logo no início da viagem já me deparar com uma barreira dessas tem me deixado preocupado. Li vários blogs e conclui que não é bolinho não… altitudes superiores a 4.000m, longos trechos desérticos, amplitude térmica muito grande… confesso que prefiro começar de forma mais comedida. Mas estava com muita dificuldade de encontrar na Internet informações objetivas sobre os vários “passos” (locais de travessia) possíveis.

Mariano

Então tive a idéia de perguntar diretamente a algum guia, habituado a pedalar por estas montanhas, e encontrei o site da MTB Tours. Enviei um e-mail ao Mariano explicando a situação e, para minha surpresa e alegria, sua resposta já estava na minha caixa postal na manhã de hoje. Gostei tanto de sua objetividade que tomo a liberdade de reproduzi-la:

Oi Elcio, como esta?
A Cordilheira dos Andes tem muitas posibilidades e opcoes para ser atravessada. Fazendo uma divisao um pouco simples, eu falaria que:
1- Os passos do Norte (Sico, Socompa, Jama, San Francisco, Aguas Negras, Pircas Negras) sao passos muito complicados, que podem somente ser atravessados no verao. Eles tem uma altura minima de 4000 metros e alguns deles como o San Francisco quase 4900 mts. A altura nao é um item menor, as pessoas que nao estamos acostumadas a esa altura precisamos varios dias de adaptacao para fazer uma atividade esportiva em alturas muito altas. E mesmo assim nao tem nehuma garantia, porque alem da altura, sao regioes onde venta muito e onde a amplitude termica e muito grande. A nao seja que você consega um preparo fisico serio e dominio de situacoes em altura (frio, tempestades etc) eu nao faria nehum deles.
2- Os passos do centro (Mendoza) sao altos, mas nao tao altos como os do norte. Em Mendoza tem o Paso Los Libertadores que tem uma altura maxima de 3185mts e bastante trafico. Nao é um caminho isolado como os anteriores, aquim vai ter muito trafico e asfalto. Isso poderia ser ruim, mas para você pode ser bom, porque é mais facil ter alguma assistencia se for necesario. No sul de Mendoza tem mais dois caminhos, Paso Vergara que é o que eu faco nos meus programas e Paso Pehuenche. Os dois tem uma altura maxima de 2500 mts.
3- Logo tem os passos da Patagonia. Nao sei se a sua ideia é chegar ate a Patagonia. Ali os passos sao muito mais baixos, 700 a 1200 mts aproximadamente. A Cordilheira também e mais humeda na Patagonia norte e os passos mais estreitos. Você pode atravessar aquim os Andes em 80km, e no norte da Argentina pode precisar 300km.
Na Patagonia tem o passo Cardenal samoré que é asfalto e logo tem o Icalma, Pichachen, Mamuil Malal, Carririñe, Hua Hum e Perez Rosales em Bariloche.
Há muitas opcoes, isto e somente um “resumen” se quiser mais informacao e eu tenho a data, e so contatar.
Um abraco,
Mariano>

Valeu, hombre !

Valeu, mesmo, Mariano. Muchissimas gracias hombre, y congratulaciones por tu dominio del portugués.

Até segunda ordem, estou me decidindo por atravessar os Andes por Mendoza, local por onde já passei de ônibus quando vim de Santiago para Buenos Aires. Trata-se de uma estrada asfaltada que oferecerá uma segurança maior do que se eu me metesse sozinho, sem o devido preparo, pelos cafundós da cordilheira. Isso me obrigará a fazer um grande “U”, saindo de São Paulo em direção ao sul – e não diretamente ao oeste.

Assunção, Buenos Aires, Santiago

Será um acréscimo de algumas dezenas de centenas de quilômetros, porém terei a chance de conhecer o interior da Argentina (o que quase não teria se fosse cortar o norte do país, por Salta), o que muito me agrada. De quebra revisitarei Santiago onde, em novembro de 1992, então platonicamente apaixonado, comemorei meu aniversário de 33 aninhos tomando pisco num boteco. Desta vez, de bem com a vida, vou tomar cerveja em Mapocho.

Mapocho