OUTRO ESTÍMULO
Ontem, sábado, 30.04.11, com prazer compareci no SESC Consolação para assistir a mais uma das palestras sobre cicloturismo promovidas pelo Clube de Cilcoturismo do Brasil. Desta vez, tratava-se do relato da viagem através de 10 países, do Brasil aos Estados Unidos, realizada em 2006 por um casal de capoeiristas.
Foi assim que durante 3 horas absorvi com sofreguidão as informações que nos eram passadas por Fabio Mendes que, com sua esposa Mary Schindler, saiu da casa da mãe, em São Paulo, subiu a costa brasileira, cruzou a Venezuela, voou até o Panamá e pedalou o restante do caminho até atingir o objetivo final: a casa da mãe dela, em Petaluma, pouco ao norte de São Francisco, num percurso total de mais de 20 mil quilometros. Sendo capoeiristas, foram visitando todos os grupos de capoeira que encontraram pelo caminho, em seu projeto denominado “Pedala Capoeira“.
É uma delícia poder fazer perguntas a essas pessoas, ter acesso à experiência delas, tirar as dúvidas até das questões mais comezinhas e vislumbrar o que me aguarda numa viagem muito parecida. Mas o melhor de tudo ao ouvi-los foi ter recarregadas as baterias do sonho… o que é um excelente antídoto contra os receios que por vezes me assolam quando fico olhando para a bicicleta com seus alforjes, estacionada em minha sala. As fotos da viagem, as descrições dos locais, das pessoas encontradas pelo caminho… as situações inusitadas. Tudo isso funciona como um poderoso combustível a insuflar energia em minhas ambições de aventura.
Constatando nas fotos projetadas que por várias vezes eles dormiram em aposentos precários, visivelmente embolorados ou coisa parecida, perguntei ao Fábio se isso não lhes causava incômodo ou depressão. Sua resposta: “foram nos locais mais humildes que nos sentimos mais à vontade, mais bem-recebidos”. Ao final da apresentação, perguntei a Mary se havia valido a pena. Sua resposta: “foi a melhor coisa que já fiz na vida”. Pois eu também quero. Obrigado, amigos. E parabéns!
Todos os cicloturistas que conheci são unanimes em dizer que foram melhor recebidos pelos humildes, mas o que é ser humilde?
A palavra humildade vem da origem da palavra húmus, que significa “solo sobre nós” ou ainda “terra fértil”. Em outras palavras, húmus é o nível que nós estamos. Cada homem e cada mulher tem o mesmo nível de dignidade, de possibilidade de ação. A palavra humildade também deriva a palavra “humano”, ou seja, ser humilde significa estarmos todos no mesmo nível, ninguém é melhor ou pior do que o outro, todos estamos no mesmo plano de dignidade pois todos nós somos humanos e estamos todos no mesmo solo, num mesmo patamar de dignidade.
Ser humilde é ser humano!
É verdade, Pedro. Ser humilde é ter consciência de que ao final somos todos húmus para a terra, exatamente como qualquer besouro morto, folha caída ou cocô esquecido… Mas normalmente prefiro lembrar-me de minha humilde condição contemplando as estrelas.
Valeu o comentário, abração e volte sempre. Elcio