OS OSSOS DO BARÃO
A luz ainda não invadira o quarto através da veneziana e já ouvia o golpear das gotas na janela. Chovia na manhã do meu décimo-sétimo dia de estrada. Aguardei semi-desperto na esperança de que passasse, o que não se deu. Amanheceu. Às sete horas, passei a ouvir o som da serra elétrica na obra abaixo, que competia em volume com a água passando nos canos para banhar o vizinho no aposento ao lado. Diante da soma desses desconfortos matinais, alcei-me do tépido leito e abri as folhas da janela, para deparar-me com um dia úmido e frio. Pensei… queira Deus que amanhã não amanheça assim, ou terei de pedalar sob chuva.
Após o café com bolo de milho oferecido pelo hotel, saí para estrear minha capa poncho amarela, que vesti sobre o casaco preto, prevendo que o dia se manteria hostil como amanhecera.
Fui internetar mas a lan-house ainda não abrira. Como há males que vêm para bem, acabei encontrando outra que dispunha de monitores de 24”, infinitamente melhores, pelo mesmo preço. Fiz as navegações habituais e por volta das 11:30 hs liguei para o Fabrício, que me prometera o almoço. Fui à velha estação, na praça central, para esperá-lo. Dali pude apreciar a imponente edificação do que outrora foi uma das unidades das IRFM – Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo. Nestas dependências, inauguradas no final da década de 10, chegou-se a abater no auge das atividades, por volta de 1930, cerca de 1200 suínos ao dia. Em 1964 o abatedouro foi convertido em indústria têxtil até ser vendido em 1981.
Também entreti-me em ver como um dos operários empenhados em desmontar as instalações da festa que findara no domingo divertia-se em cavalgar as trouxas de lona suspensas pelo guindaste.
Quando o Fabrício chegou, fomos a um self-service na esquina, o que precedeu um café expresso – coisa rara na cidade. Como rara também é a presença de policiamento, como ele bem observou… de fato, nem por decreto eu vejo aqui um policial militar ou uma de suas viaturas. Por volta do meio-dia estiou, e a cidade resplandeceu em cores.
Seguimos então para a agência de viagens do Nivaldo, a NH Turismo, onde o Fabrício despediu-se prometendo pedalar comigo a saída de Jaguariaíva amanhã cedo. E dali fomos, o Nivaldo e eu, para fazer um turismo motorizado pela região. Ele me levou para conhecer o “palacete” do conde Matarazzo, construído numa espécie de parque, acima da fábrica. Consta que o conde raramente o freqüentava. Mas o local é assaz aprazível, entre pinheiros de todos os lados, árvore que dá que nem praga nesta região.
Fomos então a um local muito bonito, denominado Vale do Codó, onde era represada a água que, após correr por um canal, ia gerar a energia que movia a indústria do conde. Tudo impressionante não só pela harmonia visual mas também por ter sido construído há tanto tempo.
Pouco além, descemos por pedras e temerárias pontes até um charmoso lago com cachoeira, o Lago Azul, escondido por um caminho difícil e uma mata espessa. Lugares muito agradáveis de se visitar, com potencial turístico e que, portanto, mereciam uma atenção maior. Só me incomodava a calça para chuva que inventei de vestir pela manhã, revelou-se um forno sob o sol e com as pernas em intensa atividade.
Por fim, de retorno ao centro, volto agora para a lan-house com o intuito de concluir os serviços informáticos do dia. Estou me preparando psicologicamente para encarar os 80 km que me aguardam amanhã na estrada para Castro que, como vimos graças ao providencial link enviado pelo Vanderlei Torroni, principia com 22 km de subidas constantes. Assim, ao sair daqui vou me abastecer de víveres n’alguma quitanda ou supermercado. Antes, porém, deliciar-me-ei com alguma média com pão e manteiga que encontrar por aí. Viva os pequenos prazeres da vida!
RESUMO CICLÍSTICO:
DATA: 20. Setembro. 2011 / Terça-feira
LOCAL: Jaguariaíva, Paraná (Brasil), ALTITUDE: 870m
TEMPO: Dia quente. Sem chuva.
TEMPERATURA: 13ºC – 26ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 0 km
MÉDIA: –
VELOCIDADE MÁXIMA: –
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: – / –
OCORRÊNCIAS: nenhuma
TOPOGRAFIA: região montanhosa
CONDIÇÃO FÍSICA: Descansando
DIAS DE ESTRADA: 18
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 11
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 451 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar): 451 km
É meu caro amigo, ta cada vez mais longe hein, que lugares lindos você esta conhecendo, e tem gente que só fala em viajar pra fora desse nosso lindo Brasil se com dificuldades é belo dirá se fosse tudo certinho, não caber ninguém rsrsrs mas é isso ai “Fé em Deus e pedaladas no asfalto” ah, se falou bem de mim pra minha sogra(o) kkkk
Abç
Quando a gente se reune no Puruba ou em qualquer lugar aqui você é muito bem lembrado a torcida ta forte…
Acho bom a torcida estar forte mesmo, porque tenho de ter muitos fluidos positivos prá queimar caminho afora hehe. Abração Ge
Lindos!!! O lugar e você tb! Amanhã mais força na canela. Deus abençoe. Bjossssss.
Bebel, ainda conservo intactos assombrosos 0,01 da minha beleza natural hahahah . bjk
Muito legal a cidade!
Também gostei. Abração Tio
Torcida forte para amanhã, na sua partida, estar com excelente tempo e disposição para a sua longa pedalada…
Grande Abraço!!!
Élciodedeus! 22kms de subida? Haja perna! Não dá pra pegar um táxi? rsrsrs
Fuerza y adelante!!!!
Caraca, Magoo… sabe que eu não tinha penado nisso ? =)
olá amigo elcio! que lugar bonito cara? se eu pudesse e meu dinheiro desse eu iria acompanhar vc nesta jornada porque tem muitos lugares bons por este brasil a fora como seu amigo falou:e tem gente que só fala em viajar pra fora desse nosso lindo Brasil. abraços amigo continue a explorar este brasil vale a pena …
Oi Elcio,
que delicia ler sua aventura!!! Estou adorando te acompanhar nessa aventura. Mesmo que de dentro de casa. Espero que aproveite bastante e nunca deixe de nos contar tudo. Se cuide e que Deus te proteja sempre. Beijos
Legal, G. Fico feliz que vc esteja comigo. bj
Interessante encontrar as edificações idealizadas pelo Conde Francisco Matarazzo, a história arquitetônica desta família já foi ao chão por aqui: av. Paulista, Agua Branca, São Caetano…
Pois é, Elói. Fuçando por esse Brasilzão, quem procura encontra… hehe abração
Elcio vc será culpado se eu sair mundo afora… hahahaha.. nossa que vontade de fazer o mesmo, mas confesso de bike não dá a idade já não me permite essas proesas rsss
Na subida uma dica: foca uma pedra, um capim.. qualquer coisa e tenha ele como meta depois passe para o próximo.. rsss se tiver um passaro cuidado.. ele pode andar e te enganar hahahaha O que seria de vc sem minhas dicas de subida hein ? 😛 bjãooo se cuida e fica com Deus!
Boa idéia, Veralice. De certa forma já tenho feito isso… foco na próxima cidade hehe bj
Quando for presidente da república vou transformar as curvas em retas e as subidas em decidas, para que os ciclistas, malucos como você possam curtir melhor as pedaladas faça chuva ou faça sol.
Adelante
Pô, Borba. Então aproveita e proíbe chuva em todo o território nacional hehe
Tio maravilha de cidade. Estou admirado com a qualidade das fotos, dos lugares, da forma que você escreve. Está tudo muito bom! Boa viagem amanhã, faça bastante alongamento. Abração e muita energia do bem pra você e pra sua super bike é claro!!
Iaê, Frau, blz? Óia só… deu trabalho mas cheguei. E vamos chegando em outras também… abração Tio
Pois é amigo, as chuvas estão mesmo aí pelo Sul, prepare-se. Ainda bem que não irá por Santa Catarina, lá a coisa está braba (tem acomnpanhado os noticiosos pelas TVs dos hotéis?).
Abração,
Pois é, Amilcar… até aqui tenho conseguido me livrar de algumas coisas… fogareiro, barraca, saco-de-dormir, chuva… vamos ver até onde vai essa mamata abs
Fala Elcio!! infelizmente não deu pra ir na despedida no Canto, coisas da metrópole…mas tenho acompanhado seus posts: seu texto é muito bom, adorei o “tépido leito” de hoje. Será que nos dias em q não pedala não seria legal dar uma corridinha pra ir condicionando??? Sei lá. Agora é “Pé em Deus e Fé na Taba” .Graaande abraço!! Zezão
Fala, Zé. Desculpe a demora… às vezes computador escasseia… pois é, tamo metendo lenha. Mas tenho evitado meter o pé em Deus porque o velhinho tá dando uma força danada heheh. Legal q vc tá aí pedalando junto. Vamos fuçando sul afora… abração Elcio
Gostei da cidade…
Força amigo, com ou sem chuva….
Bjão
Pois é, Andréa… mas molhadinho só é bom em certas circunstâncias =) bj
Lembro da lata de banha da IRFM, coisa de velho.
Boa subida, bjs.
Era verde, né?
Se esbarrar por aí com um andarilho solitario, e ele te ofercer agua, sou eu. Estamos juntos Thenorinho.
Abraço.
Belê, Jura… tá pensando em meter o pé no mundo?
é isso aí Elcio….vai se acostumando com a chuva, por que mais tarde vai ter também neve!
Ixi… vô deixar prá pensar nisso mais tarde, Chico heheh
Elcio,
Está ficando cada vez mais interessante o seu passeio cicilistico. Muitas emoções virão e espero que São Pedro tenha clemência do nosso nobre ciclista e o céu não caia sobre sua cabeça (que era o único medo do Asterix). Vamos em frente que atrás vem gente.
Agora entendo o medo dos gauleses, Renato heheh
Fotos muito bonitas e belos lugares que eu não imaginava existir !! Em frente Elcio. Renato Teixeira já disse que é preciso a chuva para florir
É… prá florir é bão, Nésio… já prá pedalar… hehe abração
É caro Elcio….a vista aí no Paraná é bem diferente! Muito bonito…as fotos postadas faz com que eu me lembre das vistas maravilhosas que ví na minha velha infância!! Muito nostálgico!! Bjs e estamos na torcida!!!
E eu que nem sabia que vc era paranaense, hein Diana? bj
Oi primo !! Gostei muito do Vale do Codó e do Palácio do Conde, bela história a dos Matarazzo,realmente foram pessoas importantes daquela época.Bem, ainda estou sem o computador em casa,estou tendo que ir ao escritório do Benzão para olhar os emails e fazer os comentários,mas até sexta-feira o meu computador chega e eu finalmente te passarei o meu texto. Bom vou ficando por aqui e torcendo para que esse percurso de 80 km não seje sofrido pra voce primo beijo grande e fique bem …
Esse de 80 já era prima. Que vengan los otros =) bj
(To esperando o txt)
Olá Elcio, que bom que o Nivaldo levou vc aos pontos turisticos mais próximos da cidade, isso foi só a ponta do iceberg do que Jaguariaíva tem a oferecer. O mais legal é que além do Nivaldo você conseguiu um novo grande amigo , que é o FABRÍCIO, este de um história de vida difícil e que com a força de Deus e dos Amigos conseguiu dar a volta por cima, e hoje ele é admirado e querido por todos. Até a tarde estarei publicando um post no nosso blog sobre sua passagem pela cidade e estaremos sempre acompanhando você na sua maravilhosa jornada. Que Deus te acompanhe, te guie, e sempre te dê a força necessária para cumprir suas metas! Boa Viagem, Amigo! Sucesso!
Beleza, Rogério. De fato, de Jaguaraíva só trago excelentes recordações. Fui muito bem recebido por todos aí e o Fabrício é um cara destes que já não existem mais. Grande abraço Elcio
Agora, às 12:37 do dia 21/09/2011 você já deve ter superado aqueles brabos 22 km de subida da estrada de Castro. Pelo que vi, depois dali era uma serrinha leve, com certeza fresca…