\\ Blog diário de bordo

1 Nov 2011

QUASE APORTEI NO PARAGUAI

Após acordar nas simples porém muito acolhedoras instalações do simpático hotel Costa Oeste, onde estou ficando por duas diárias em cortesia do proprietário, o Luis Carlos, tomei  café e sai.  Tratei de produzir algo para alimentar a aba REPORTAGENS do site, então liguei para o Mauri, do Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros, e combinamos que eu iria até lá encontrá-lo.  Fui a pé, pois sempre prefiro deixar a magrela encostada quando  não estou na estrada.

Desci a avenida principal e em poucos minutos já estava nos modernos escritórios da Itaipu Binacional, onde funciona o conselho.  Ali o Mauri me mostrou todas as iniciativas ambientais que estão sendo tomadas e confesso que fiquei surpreso com a quantidade.  Ele me explicou que em 2003 houve uma mudança na missão da usina, que até então era a de produzir energia.  A partir dai tornou-se produzir energia respeitando práticas sustentáveis e promovendo o ecoturismo e a inclusão de todos os munícipios que participam da bacia – e não mais apenas os lindeiros.  Dali fomos até o ônibus da Itaipu Binacional utilizado para ecopedagogia, onde gravamos uma reportagem.

Já era hora do almoço e fui, portanto, deliciar-me pelo segundo dia consecutivo com a tilápia grelhada do “Timonero”, o restaurante do Negão, que está participando do Projeto Rodas Livres através desta cortesia. Comentei com ele que gostaria de conhecer  o porto e a marina da cidade e ele me disse: “então vá até a Farmácia Real e procure o Aírton”.  Foi o que fiz.  Lá chegando, o Airton, muito solícito, dispôs-se a acompanhar-me.  E então fomos em sua Silverado até o condomínio Marinas (houve um mal-entendido, portanto, já que esse era o nome de um condomínio…), onde ele mora.

Mas valeu muito, porque o condomínio fica às margens do lago e é muito legal.

O Aírton levou-me até sua casa, onde mantém placas solares para aquecer a água da piscina…

… e também onde mantém duas relíquias: um Ford Maverick cor de abóbora e um fusca branco 1953.

E dali seguimos para o porto, onde naquele momento atracava uma balsa vinda do Paraguai.

Por sugestão do Airton, perguntei ao balseiro se seria possível ir e voltar ao Paraguai ainda hoje.  A reposta foi positiva.  Então o Airton foi embora e eu subi até o escritório da Polícia Federal, fiz uma ficha de saída e voltei para a beira d’água aguardar a partida da embarcação. Ali fiquei junto a alguns caminhoneiros e ouvindo suas histórias…

“Lembra da… da… aquela, a mulher do mecânico… tudo em cima… continua um mulherão…”.  A julgar pela aparência deles, imaginei que a beldade em questão deveria ter hoje não menos que umas 65 primaveras.

Mas a alegria durou pouco.  Logo veio um segurança informar que havia erro na informação e que se eu fosse não seria possível retornar no mesmo dia, pois a última balsa no sentido oposto já deixara as terras paraguaias e estava a caminho do Brasil.

Fiquei muito puto!  Quase fui tirar satisfações com o balseiro que me dera a errônea informação, mas deixei prá lá.  Não era o caso de esquentar a cabeça e deixei o porto, não sem antes dar baixa na saída frustrada junto às atendentes da PF.

Voltando pela estrada que conduz ao porto, o sol castigava.  Fiquei matutando o que fazer àquela altura da tarde, umas 16:30 hs pelos meus cálculos.  Decidi fazer o que quisera fazer ontem e não pudera: nadar nas águas do Lago de Itaipú.  O problema era que a prainha ficava literalmente do outro lado da cidade.  Então pedi carona a um caminhão que passava, no que fui prontamente atendido.

E do porto vim até o centro de Santa Helena na boléia do Valdemar, que chegava do Paraguai carregado de mandiocas.  Faz esta viagem duas vezes por semana.

Saltei no centro, fui ao Costa Oeste para trocar de roupa e parti acelerado para a prainha, a fim de pegar o sol o mais forte possível.  Lá chegando, não perdi tempo e fiz algo que adoro e que há tempos não fazia: TCHIBUM!

Que delícia.  Fiquei dando braçadas a esmo para cima e para baixo nas represadas águas do Rio Paraná, frescas e deliciosas. Depois saí para secar ao sol.

Fiz mais algumas fotos e parei no bar para celebrar a liberdade tomando uma cervejinha.

Mal terminava a latinha, foi quando a pressão baixou… quase adormeço sentado na cadeira e quando finalmente decidi levantar-me para retornar ao hotel confesso que vim me arrastando.  Que coisa.  Ainda bem que não tinha qualquer compromisso que me exigisse qualquer esforço.

Uma vez no hotel, deitei-me para descansar e assistir na TV às tragédias da noite.  Entre acidentes, roubos e assassinatos tudo transcorria normalmente quando as luzes se apagaram – bem como a própria TV.  O celular, que estava plugado no carregador, emitiu um característico bip bip indicando que se desconectara.  Entendi que o hotel  estava sem energia.  Ao abrir a porta a surpresa:  não era o hotel, mas a cidade.  Já boca da noite e tudo estava às escuras…

Não haveria jantar e então rezei para que o carrinho de hot-dog estivesse na esquina onde esperava encontrá-lo.  Por sorte estava.

Jantei dois sanduiches e sentei-me na praça para ver passarem faróis para lá e para cá.  Muita gente na rua.  Pessoas confortavelmente instaladas em cadeiras na calçada ao som de música sertaneja vinda dos alto-falantes do carro estacionado à frente.  Santa Helena inteira em compasso de espera.  Era uma cena muito bonita, mas eu estava sacaneado porque não conseguiria acesso à internet.  E mais: a continuar o black-out tampouco conseguiria carregar meu smartphone para as fotos e ligações do dia seguinte, quanto pedalarei 65 km até Medianeira.

Às 21:30 hs desisti de esperar e resolvi voltar para o hotel.  A idéia era deitar-me na cama e ficar refletindo sobre a vida até a vinda do sono… Mas quando cheguei à frente do hotel uma agradável surpresa:  ali o Luis Carlos e mais uns 3 hóspedes conversavam, sentados em cadeiras na calçada.  Juntei-me a eles, grato por encontrar esta excelente opção de lazer de última hora.  E foi então que, após uns quinze minutos, fez-se a luz.  Assim, ato contínuo sentei-me ao console do computador do próprio hotel e estou neste momento finalizando este post.

Amanhã, descerei a margem do lago em direção a Medianeira, a penúltima parada ainda em território nacional.  Mas hoje foi por um triz que não pus os pés no exterior. Já já a hora chega…

 

RESUMO CICLÍSTICO:

DATA: 1. Novembro. 2011 / Terça-feira
LOCAL: Santa Helena, Paraná (Brasil), ALTITUDE: 258m
POUSOS: 18
TEMPO: Sol aberto o dia todo.
TEMPERATURA: 12ºC a 27ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 0 km
MÉDIA: –
VELOCIDADE MÁXIMA: –
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: – / –
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: serras
CONDIÇÃO FÍSICA: Boa
DIAS DE ESTRADA: 60
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 46
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.163 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar): 1.163 km

\\ comentários

  1. magdalena

    Estou esperando noticias, quando chegue a Foz nos avise. Vc fica uns dias em Foz ou vem direto para Ciudad del Este?
    Abraços

    Magdalena Ortiz

    • Elcio

      Olá, Magdalena. Fico uns dias, como sempre faço. E pretendo parar uns dias também em Ciudad del Este. bj

  2. Clebson Melo

    E aos poucos vou conhecendo uns cantinhos legais por onde passa o seu roteiro.
    Adorei o Maverick e o Fusca. Que relíquia.
    Boa noite e boa sorte amanhã.

  3. lucia tavares

    Delícia mesmo este rio Paraná, Elcio! E este Ford Maverick cor de abóbora? =) Vamos que vamos entre aquecedores de piscina e o que será que vai rolar? Sorte da boa! É o que desejo neste Paraguai para vc! Bjs

  4. Clovis Gitte

    Com tantas fotos e detalhes das cidades onde passa, seria ótimo você continuar no Brasil, viajando pelos estados do sul. Iríamos conhecer muitos lugares através das suas andanças. Espero que ao sair do Brasil, a coisa seja tão interessante pra você e para nós como tem sido até agora. Tenho salvado no Word todas as postagens incluindo as fotos, já estamos com quase 500 páginas. Tudo de lindo nesta nova etapa. Abraço.

    • Elcio

      Pois é, Clovão… este é um ponto crítico. Também tenho dúvidas sobre a qualidade final após a fronteira. Algo cairá… Mas vamos lá ver e depois decidimos o que fazer.
      Quinhentas páginas? Uau!! Que legal. Descontando as fotos, acho que já dá um livro de 250, né? hehe abração

  5. Xicoedu

    Salve, salve Cigano Élcio. Essa frustrada ultrapassagem da fronteira, para voltar em seguida, revela sua (e nossa) ansiedade para sair do Brasil e voltar rapidamente. Pela programação o seu retorno vai levar cinco anos. Como está o seu espírito em relação a isso? acho que merece uma postagem … Grande abraço

    • Elcio

      Eram cinco quendo imaginava pedalar 60 kms todos os dias (menos domingos). Depois me dei xonta de que este cálculo estava errado, porque na prática pedalo um e paro dois (tenho de achar pautas e fazer as reportagens), então de 5 foi para 15. Como 15 é muito, não tenho resposta imediata quando me perguntam quanto tempo o projeto irá durar. Por enquanto, estou indo adiante sem me preocupar com este dilema… abraçã, Xico

  6. Giba de Piedade

    Bom dia Elcio, aqui é o Giba, moro em Piedade, sou muito amigo do seu irmão Dedo, ontem a noite estivemos no bar do Mineiro tomando umas cervas, já o conheço desde quando trabalhava no Banco do Brasil,fomos diversas vezes na Ilha do Cardoso juntos.
    Estou acompanhando sua cicloviagem, me cadastrei e recebo por e-mail o seu diário de bordo desde o início.
    Eu também gosto de viajar de bicicleta, já fiz algumas pedaladas curtas, mas no final do ano pretendemos aumentar o percurso, sair de Sorocaba (em três), chegar em Valparaiso no Chile para molhar os pés nas águas do Pacífico, depois voltamos de avião ou ônibus.
    Parabéns pelo projeto, boa sorte, torcida positiva tenho certeza que não faltará.
    Abraço
    Giba

    • Elcio

      Opa, Giba, então tua aventura será parecida com a minha. Vai mesmo que é um programão bem legal. Em três, melhor ainda… mais seguro e divertido. Mantenha-nos informados. Abração

  7. Veralice

    Elcio.. oii!
    Mais uma cidade conquistada, novamente o encontro com pessoas do bem, lindas fotos, deve ser mesmo muito emocionante chegar e depois partir, mas esse é o destino Rodas Livres!
    Simplismente linda a foto do trapiche!
    Que você tenha um boa viagem e uma boa estadia em Medianeira… Beijo grande e fica com Deus 🙂

  8. vitorio

    Es muy irónico que al lado de la planta hidroeléctrica más grande del mundo y pierde el poder. Me alegro de que se perdió el Paraguay, lo que es un tipo culo quiere ir allí con toda la pompa y circusntância montado en la bicke, lo que és una historia y que entra por la puerta lateral, se volvió loco. Hay ritos de paso que deben ser obedecidas olvidar la liturgia de la aventura. Papá el cielo lo castigó, desde donde saltó en la represa estaba prohibida y la su presión baja e las luces se apagaron.
    Piggyback sobre un camión lleno de yuca ni voy a comentar nada, francamente …
    Besos.

  9. Delmar

    Valeu Elcio, aproveitou bem Santa Helena, vamos continuar te seguindo e fazer das tuas as nossas aventuras.
    Abraço
    Delmar

  10. vitorio y goolge tradutor (os erros são dele)

    El fotoreportagem sigue siendo excelente.
    La fotografía tradicional en el interior del vehículo que conduce a un punto pintoresco también merece una exposición comisariada y otro al regresar. Ellos son perfectamente simétricos, uno tiene que preguntarse si el vehículo hasta que el conductor repite, inconscientemente, la función de los predecesores, esto es increíble. Me pregunto si se le notifica de todos los comentarios publicados aquí y leerlos todos? También sujerir una conferencia de prensa con usted cuando usted viene a través de la Asunción, donde un puesto específico podría ir hacer preguntas, y esto se puede repetir todas las capitales del país alcanzó. Gracias por la bienvenida.
    Más besos.

  11. vitorio y goolge tradutor (os erros são dele)

    Hey cuánto honor, sólo que ahora me di cuenta de que el conductor del camión se fue el Stenio García de lá série global Carga Pesada. En serio, además de famoso que está a ficar, estás pegando metidissimo…

  12. Ronaldo Negro

    Elcio, você viu que alguns dos seus seguidores estão sugerindo uma mensagem de despedida…
    Espero que daqui para frente seja tudo de bom como foi até agora…
    Grande Abraço!

  13. Edson Zeca da Silva

    Elcio, aos sábados, domingos e feriados cai a frequência de leitura às suas postagens ? É só uma curiosidade.
    Grande abraço, parceiro.
    Lembra daquela música do Saulo e do Dédo que fala do Paraguai ?
    ” Las noches de Paraguay
    Tan lindas otras no hay
    Recuerdo aca tan distante de mi
    amor … “

    • Elcio

      Não sei se cai a frequencia, Zeca, porque não tenho meios de monitorar. O Luiz Couto, que está operando melhorias no site, disse que vai instalar o Goolge Analytics, o que vai nos permitir acompanhar o que rola daqui prá frente. Isso é ótimo e aí terei a resposta.
      Quanto a Las Noches de Paraguay, outro dia amanheci cantando-a: Mi cuña cuñatai, mi Paraguaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaai =)

  14. RITA SECCO

    oi primo! Que bom ver Santa Helena novamente!!! Tenho muita saudade…
    Há 26 anos atrás, neste mesmo lago, na avenida principal , na praça, quanta coisa… Não mudou quase nada. Voce tem privilégio de poucos.

  15. Eliana Secco Vergos

    Oi primo!!! Muito bom o seu post de hoje…esse banho no lago deu pra lavar a alma né !!! Santa Helena é realmente muito bonita e voce já sabendo que é fraco pra bebida vê se não abusa viu. Um beijo grande e bom feriado pra voce !!!

  16. Vanderlei Torroni

    Manda bala Élcio, cadê a foto sua pulando da ponte!!!..rs

    Vamos lá que estamos sedentos por suas matérias…..

    Um abraço

    Vanderlei Torroni

  17. Angelo Ramos

    Ufa! Te alcancei novamente.
    Meu amigo, me deu um frio na barriga imaginar que de agora em diante a aventura se torna internacional. Sei de todas as qualidades e habilidades que possuis mas sei também que são poucos os povos como o nosso “Brasileiro Hospitaleiro da Silva a seu dispor”. Vamos então para o nosso outro talento de brasileiro: Estaremos todos vibrando positivamente e fazendo com que encontre soluções para todos os percalços que possam te atrapalhar. Boa viagem Capitão.

  18. Amilcar M. Claro

    A lanhouse fechou hoje, no feriado?

  19. juracir h caixeta

    Sua expectativa e ansiedade de atravessar a fronteira, se transferiu para todos em forma de torcida.
    Puxe a fila que o comboio segue.
    Abraço.

  20. Luciano Menegazzo

    Olá amigo! estou acompanhando sua viagem. Quando passar por Medianeira entre em contato se precisar de alguma coisa! Um abraço. msn: lmenegazzo@hotmail.com

  21. Iberê

    Eita delícia! Esse caminho pela beira da represa é bem legal. Você cai chegar a passar por Cascavel? Abração!

  22. Veralice

    Elcio.. oii!!!
    Já fez contato com o Sec. Telmo Luiz de Medianeira?
    Fico feliz que tenha chegado bem!!!
    Bjuuu fica com Deus 🙂

  23. tony

    Ai do castelano que mexer com o nosso biker explorador, meta o pé (no pedal)e entra que td por aí já foi nosso…rs abraco

  24. Augusto

    Elcio, Elcio, por um triz o momento emblemático da primeira cruzada de fronteira não foi feito com você em cima da bike… Entre pedalando no Paraguai, vai ser muito mais empolgante aqui pra sua platéia!

\\ Translator


  • \\ Newsletter

  • \\ Onde estou?

    \\ Patrocínio

    • Travel Ace Assistance
    • Kertzman

    \\ Apoio

    • Biene
    • Vinil
    • Puzzle Filmes
    • Milena Rodrigues
    • Loc7
    • Souza Campus
    • Atelier Gourmand
    • ACM
    • Ararauna

    \\ Twitter