ITAIPU TOP SECRET
Hoje voltei à usina de Itaipu, mas desta vez entrando pelo lado paraguaio e em grande estilo.
Estava na companhia de Rafael, que é engenheiro de manutenção ali e, por isso, tive acesso a locais a que jamais chegaria se estivesse num grupo normal de turistas. Por ser sábado tudo estava tranquilo, e então pudemos passear por todos os setores sem pressa.
Assim, a primeira parada foi já uma grata surpresa: dos 14 vertedouros, 6 estavam abertos e pudemos apreciar o espetáculo a partir do mirante. Os vertedouros são um dos principais itens que fazem a beleza do conjunto. Gravei ali uma reportagem.
Porém, descendo um pouco para partes já interditadas aos visitantes, fomos até o ponto onde a água do vertedouro salta para o rio abaixo, o majestoso Paraná. Que espetáculo! Um volume imenso jorrava a um metro do meu nariz, numa confusão de água, vento e barulho que metia medo. Algo maravilhoso de se presenciar.
Dali seguimos para as profundezas, a chamada Quota 40. O número significa a altitude em relação ao nível do mar. No elevador, a marcação não é feita pelo número dos andares, mas pela altitude. Então ao partir do 144 para o 44, descemos 100 m sem escalas. Os 4 m finais foram pela escada. Ali estávamos na mesma altitude do leito do Paraná, ou seja, 60 m abaixo do nível da superfície do rio e 180 m abaixo da superfície do lago.
Em seguida dirigimo-nos à área das turbinas. Passei novamente pelos dutos imensos – 10 metros de diâmetro – que escoam a água do lago para fazer girar o mecanismo de geração de energia.
Eles são 20 e em um segundo por apenas dois deles passa todo o volume das cataratas do Iguaçu em igual período (que apenas parecem volumosas, mas na verdade são rasas).
A aventura, no entanto, tornava-se mais e mais interessante. Após uma visita à sala do controle central, onde convidaram o Rafael para chegar (declinamos e seguimos)…
… fomos para as entranhas do monstro. Descemos às turbinas propriamente ditas. Primeira parada, o eixo, onde eu já estivera na visita anterior (só que desta vez com toda a calma). Toneladas girando loucamente à minha frente…
Aí perguntei ao Rafael: “Não há uma turbina parada para manutenção, aberta, que pudéssemos explorar?”. Por muita sorte… sim, havia.
E foi então que tive os raros (bota raro nisso) prazer e privilégio de entrar numa turbina da maior usina hidrelétrica do mundo em geração de energia (Três Gargantas, na China, tem maior potência instalada, mas provavelmente nunca terá água suficiente para gerar o tanto que Itaipu gera). Por uma escotilha que dava acesso direto às pás, entramos…
… estávamos no “caracol”, onde a água impulsiona a turbina. Entramos por entre as pás. Que loucura! Imaginar que aquilo vive inundado, girando alucinadamente, milhares e milhares de quilos de ferro, aço e água para gerar eletricidade. E eu ali, fuçando…
Rafael me explicava que o impacto constante da água causa desgaste do ferro, criando cavitações, que precisam ser reparadas através de um preenchimento com solda. Essa era a razão daquela turbina estar parada.
Pois viva o desgaste!
Dali descemos ainda mais, para o andar inferior da turbina, onde cai a água após haver feito girar as pás. Sensação indescritível de pequenez diante da magnitude de tudo o que me rodeava. Cada fator contribuía… a escuridão, o ferro, o pó de ferro que a tudo cobria, o forte cheiro de eletrodos queimados. Pensei: “Bem que poderiam abrir a água… Seria a última, mas que emoção!”.
Ali, para amenizar o problema do desgaste do material, as pás em sua parte mais sensível, onde o impacto da água é mais forte, os bordos de fuga, são feitas de aço – e não ferro. A emenda é visível.
Para finalizar, demos uma volta de carro pelas partes altas, de onde se avista o lago, que começa ali e só vai terminar 180 km acima, em Guaíra.
Embora aquela turbina estivesse parada, esta foi realmente uma manhã energética.
Após o almoço, fomos ao centro de Ciudad del Este para que eu pudesse conhecer a principal loja, a Monalisa, e comprar um carregador solar para o meu celular.
E de volta às ruas, numa daquelas galerias labirínticas pude conhecer algo que nunca houvera visto: uma mistura de monocicleta com skate que deve ser muito interessante para dar umas voltas…
E para fechar o dia, fomos visitar o Museu Guarani, onde iluminados painéis contam a história do povo guarani e muito da história do Paraguai, que em 2011 completa o seu bicentenário.
Estou aprendendo algumas palavras e expressões em Guarani. Em breve (uns 5 anos), terei plenas condições de me comunicar nesta lingua.
Anexo ao museu, há um pequeno mas simpático zoológico, composto por animais provenientes da região inundada pelo lago de Itaipu.
E agora estou aqui, de volta à casa teclando e experimentando o tereré, o chimarrão feito com água fria. Estou assim preparando-me psicologicamente para o que me aguarda amanhã, quando de vuelta a la carretera adentrarei todavia mais o coração do Paraguai.
RESUMO CICLÍSTICO:
DATA: 19. Novembro. 2011 / Sábado
LOCAL: Ciudad del Este, Alto Paraná (Paraguai), ALTITUDE: 210m
PAISES: 2
POUSOS: 21
TEMPO: Sol ameno o dia todo
TEMPERATURA: 18ºC a 33ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 0 km
MÉDIA: –
VELOCIDADE MÁXIMA: –
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: – / –
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: plano
CONDIÇÃO FÍSICA: Excelente
DIAS DE ESTRADA: 78
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 61
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.326 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar):1.326 km
Fantástico! O tamanho das bichas impressiona até pelas fotografias.
Uhull…sem palavras, que dia hein!! Eu de tão corajosa que sou jamais entraria naquela turbina, rss…passo longe…Parabéns pelo passeio e pelo post…bom d+!!
Se estivesse funcionando, eu tb nao entrava nao…
Élcio! linda essas imagens e seu escrivito. Agora começa uma nova fase…boa sorte!
Estou divulgando seu trabalho. Muitas pessoas me disseram que estão lhe seguindo.
Fraternal abraço!
Gracias, professor. Hoje fiz uma reportagem sobre uma escola que ensina os alunos como fazer hortas. Lembrei=me de vcs ai…
Simplesmente fenomenal. Ver estas imagens da turbina e todas as demais imagens é um privilégio. Não sou de assistir novelas, mas os teus capítulos os assisto diariamente e os envio aos meus internautas. Muitos estão te acompanhando, torcendo por vç sem comentar.Siga em frente, vá com Dios que nós te acompanharemos.
Beleza, Sadi. Obrigado. É um prazer saber que há amigos vindo junto…
Fala, Mano!
Hoje eu visitei o Museu da Ciência de Boston e o achei bacana, mas nada que se compare a 10% da trilha que vc fez em Itaipu. Fiquei bastante contente por vc ter conseguido essa rara e interessantíssima visita. Minha mãe te mandou um monte de beijos e abraços. Bom, eu só abraços, blz?
Pancho, so se lo que pasa… respondi, mas a resposta sumiu, nao aparece na pagina… de qq maneira, vamos nessa e um grande abraco. Cuidado com as gringas. Bjs a Tata : P
Que bacana!
E o tereré é multinacional – Shell
Adelante em la carretera…
Tamos exportando, Thales… ehehe
exelente Pedal de Oro, muy bien este dia enlas extrañas de las turbinas, maravilloso,como tambien los reportajes en VT, un terere c/ la Paraguaya es muito bueno, al frente c/ fuerza amigo
Si, adelante siempre. Hasta con lluvia
Realmente seguir seus posts cada vez mais tem se tornado um educativo vício. A gente tem a impressão de que diminui a nossa sedentariedade. Muito legal.
Dedo, ciente de que vc eh um apreciador do Paraguai, das guaranias e do guarani, o Rafael te convida para vir passar uns dias em Ciudad del Este. Se eu fosse vc, aceitava. abracao
Esta feito o convite, quando quiser apareça. As portas de casa estão abertas
Grande Magdalena. Obrigadíssimo. Vcs sao extremamente hospitaleiros e passei momentos muito agradáveis aí. Espero poder retribuir isso, um dia. bj
Muito interessante a matéria, Elcio! Aliás, tbém vou atrás de um carregador solar para o meu celular. Valeu a dica! ; ) bjs
Agora vamo ve se funciona, Lux
O melhor post que vc já fez! Nitidamente dá para perceber o tamanho da sua empolgação em conhecer a usina de dentro!!! Muiiiiiiiiiiiiiiiito bom! Que viagem incrível! Imagina qtas outras aventuras maravilhosas ainda vão pipocar nessa sua trip maravilhosa! Todos nós leitores estamos juntos com você em todos os sentidos… ao pé da letra! Estou em Buenos Aires agora… Passei o fds aqui. Pena que seu roteiro não cruzou com o meu! Em janeiro vou fazer uma viagem de moto (pq eu não sou louco de fazer de bike) de São Paulo a Santiago!!! Amigo, ainda nos cruzamos por esse planeta. Ou até em outro… rsrs Se cuidaaaaa! Abssssssss
Po, Nelsinho, ve se faz que nem o Peter e se materializa na minha frente numa dessas estradas ai…
Elcio oii!
Muito bom esse post, impressionante mesmo as fotos, que bom que pode viver essas experiências e trazer pra gente se esbaldar também!
Boa viagem a Mallorquín que estou curiosa para conhecer 🙂
Beijo e Deus te acompanhe!
Fala, Vera. Ja to em Mallorquin e, gracas a vc, muito bem alojado. Da uma olhada nas fotos do post de hoje. bj
Já vi o post, fico em paz quando sei que chegou, está instalado, o coração se acalma 🙂
Beijo e fica com Deus!
Vera, proxima parada: amanha estarei chegando em Dr. Eulogio Estigarribia, mais conhecida por aqui como Campo Nueve… vamos ver como nos viraremos lá… bj
Oi Elcio…estou muito ocupada nos últimos dias com a decoração natalina da cidade…é…caso ainda não tenha se dado conta o natal já está chegando e seria legal você pensar onde pretende passar essa data…espero que seja em um lugar bem legal em companhia de pessoal bacanas. Ah, finalmente, te vejo de cuia na mão…eu sabia que se tinha conseguido passar ileso aqui pela região oeste do PR, no PY você não escaparia…espero que tenha apreciado o mate, geralmente os Paulistas não curtem muito, mas esse hábito é muito mais do que simplesmente beber água quente ou fria com uma erva amarga, ou quase sem sabor. É o ritual que agrega, aproxima, dá combustível para o bom papo e relaxa que faz esse hábito tão popular na região sul do Brasil e também no Paraguai e Uruguai. Muito bons seus textos e reportagens, fico muito feliz em saber que está se ambientando por aí con los ermanos. Beijão e fique com Deus!
Pois eh, Vania. Gostar…. nao gosto. Mas tomo para confraternizar…
Olá Elcio!
Que previlégio o seu.
Aproveite muito estas oportunidades que está tendo.
Bjs e fique com Deus.
To aproveitando, Marilia bj
Olá Elcio…amei essa reportagem e tbém das andorinhas…coragem sempre…bjs
Blz Ilza. Vamonos. bj
Oi, como sempre tudo muito lindo e surpreendente, mas esse negócio de “ultima” não, ainda temos muito que viajar. Parabéns Bjssss.
Pra la da utima tem muito mais viagens, segundo alguns, cunhada.
Sensacional, Elcio.
Você no post é o Neimar jogando bola.
Parabéns.
Me falaí, qual é o antônimo, o contrário de “emputecido”, heim ?
Abração.
Segundo Aurelio, Aulete, Wikipedia e a Barsa na edicao original, “todo pimpão” pode ser considerado um antonimo aceitavel hehe
Elcio
Simplesmente fascinante a terra dos anões (usina). Como sempre digo, coisas maravilhosas acontecerão. Fique com Deus.
Ana
Jah estao acontecendo, Aninha
Élcio, foi realmente um grande privilégio, conquistado por você e que contempla a todos nós da sua garupa!!! Emoção compartilhada… Muito bom mesmo!!
Que seu astral continue atraindo sempre pessoas boas por todo o seu caminho…bj.
Ateh agora tem sido assim, Alcione. bj
Uow! Fantástico!!!
Se cuida garoto. Bjo
To me cuidando, Andrea. Faco questao de saber se a agua ta fechada antes de ficar me enfiando em turbinas de hidreletricas.
A energia nasce aí, com até 750kv ou 750.000volts e na própria usina, ja existe subestação que pode rebaixar esta potencia e jogar nas linhas de transmissão, passando novamente por subestações para ser rebaixada ou aumentada conforme a necessidade.
Grandes consumidores como industrias, cidades, sistema de transportes elétricos como metrô e trem, possue subestações próprias para rebaixar ou aumentar a energia que recebe da linha conforme a necessidade.
E nos, consumidores residenciais, recebemos da rede de distribuição novamente rebaixada para 110 ou 220 volts.
Com um simples toque no interruptor,fazemos funcionar nossos simples aparelhos domésticos, sem nos darmos conta da complexidade do processo.
E o comboio segue.
Abraço.
Mas se ao inves de darmos um simples toque no interruptor, simplesmente enfiarmos os dedos na tomada, nos conscientizaremos de forma muito mais indelevel do energetico papel da energia em nossas vidas.
Muito muito bacana tua visita
nesse lado da Usina q só imaginamos via palestras. MACANUDO !
O mundo merece mais loucos do seu tipo, cuide-se bem !
Vc me inspirou, vou comprar uma Caloi 10, q ce acha?;)
Pra ciclismo eh otima, jah pra cicloturismo melhor uma mais parruda…
Impressionante!
Foi mesmo, Thiago
Fascinante sua viagem pelo interior da turbina.
Adoraría experimentar esta sensação
Até já
Borba, ha uma forma ainda mais emocionante… basta dar um mergulho no lago bem proximo a barragem. ahahaha
Oi primo!!! Confesso que eu nem imaginava como seria uma turbina dessas…que medo… elas são monstruosas de grande. Tá certo que nesse dia voce vivenciou muitas coisas mas a visitação a hidrelétrica e a turbina vazia foi the best. Parabéns por mais esse feito e gostaria de deixar o meu agradecimento por voce dividir tudo isso com a gente. Beijo enorme em seu coração primo e vamo que vamo sempre!!!
Belessa, prima. Obrigado pela audiência : )