MBA’EICHAPA BRASIL
Ontem, domingo, saí da casa do Rafael por volta das 08:20 hs da manhã com destino à cidade de Dr. Juan León Mallorquin, ou Mallorquin para os íntimos, minha primeira parada no caminho para a capital, Asunción.
Assim, logo cedo caí na estrada com um patrocinador a menos…
Agora, pela primeira, vez, iria sentir como é a realidade do cicloturismo por estradas paraguaias, já que para chegar a Ciudad de Este não foi necessário mais do que cruzar uma ponte.
O dia estava excelente para a prática do ciclismo, sem sol e nem chuva, o trajeto de cerca de 60 km prometia pouquíssimos desníveis e assim a pedalagem esteve rendendo bem desde o início.
Fui pelo acostamento, cheio de lombadas que, por obra de alguma autoridade anônima, foram cortadas para permitir o trânsito de veículos de duas rodas.
E então todos apoveitam… o problema é que por aquí parece que os motociclistas preferem andar no acostamento, inclusive na contra-mão…
De fato, a julgar pela quantidade de gente que vi circular de motocicleta sem portar o capacete – inclusive famílias inteiras sobre a moto – o Paraguai tem muito a melhorar em termos de segurança rodoviária.
Aquí os sonorizadores não são, como no Brasil, em alto relevo – mas em baixo. São fresagens transversais no asfalto, assaz profundas para o meu aro 20¨da roda dianteira.
Profundas o suficiente para me deixar temeroso de quebrar um raio, apesar da afirmação do Miro Alemão, excelente bicicleteiro da Superbike, de Foz do Iguaçu, que me dissera que aros dianteiros raramente quebram, por suportarem pouco peso. Por via das dúvidas, dava uma freiadinha antes de enfrentá-las.
No cenário circundante, muitas vacas pastando à beira do caminho, presas por uma corda…
E um coqueiro que parecia mais suporte para ninhos do que para côcos…
A certa altura parei para almoçar e no acostamento da pista oposta parou uma moto com dois ocupantes. Após deliberarem por alguns segundos voltaram a proa diretamente em minha direção. Vi que eram duas crianças, mas ainda assim permaneci alerta e no aguardo de coisa ruim… Eram no entanto movidos apenas pela curiosidade infantil de conhecer de perto uma bicicleta diferente, como é a minha.
Ao chegarem e assuntarem, perguntei ao condutor: ¨Pero tu, ¿quantos años hay?¨.
– Trece
– ¿Y puedes manejar en la carretera?
Sorriu cabisbaixo, não sei se orgulhoso ou envergonhado, e nada respondeu. Chamei-lhes para perto, e fizemos uma foto. O piloto é o da esquerda, o outro tem 14.
De volta ao asfalto, sou abordado por um bando de ciclistas. A verdade é que não havia meio de ficar sozinho nesta estrada. Nem para poder mijar em paz. Eles se aproximaram velozmente pois carregam somente o peso dos próprios corpos e essas aproximações são sempre preocupantes. Mas, uma vez mais, eram apenas novos amigos fortuitos.
Quando já estava a cerca de 15 kms de meu destino, sinto as primeiras gotas de uma chuva que não tenho como prever se será das fortes ou das fracas. Busco por um abrigo… nada. Sigo pedalando e por muita sorte diviso um coberto que não tenho como saber para que serve, pois para ponto de ônibus está muito longe do asfalto.
É do tamanho exato da bike. Paro ali e fico esperando a água cair.
Nisso ao invés da água quem chega é o Rafael, acompanhado do Guillermo, seu filho, e do Sr. Gualberto, seu pai.
Vieram conferir se eu estava progredindo bem. Para alegria geral, eu estava. Convidei–os para ¨entrar¨ e ali ficamos por alguns minutos esperando o tempo melhorar.
Umas pedaladas a mais e já chegava a Mallorquin. Dirigi–me ao Hotel Wilbert onde, por cortesia da ¨municipalidad¨ (prefeitura) permanecerei por 3 noites.
Domingão à tarde, saí na captura de uma lan–house, pois pretendia descrever todos estes acontecimentos, como de costume. Mas não havia nada parecido em vista. Assim não tive como postar sequer um HOY NO HAY para dar uma satisfação.
Então restava–me fazer algumas fotos e relaxar.
Mais tarde, no restaurante ao lado do hotel, onde também conto com refeições em cortesia, pedi um bife à milanesa para o jantar. Enquanto aguardava, apreciava a primeira Fanta em embalagem plástica que vejo na vida:
Mas eis que quase imediatamente chega a comida. Chegou em 3 minutos.
Comentei com a senhora que a servia: “Rapido, ¿verdad?¨
– És que estava todo pronto.
E à primeira garfada tudo se esclarece: a comida estava fria. Na dúvida sobre as possíveis razões para o fato, assumi ser este o costume local e jantei em paz.
Após o jantar, fui procurado no hotel pelo Gustavo Benitez, que é quem, procurado pela Veralice, nos está proporcionando estas cortesias. Ele é vereador e tem interesse em divulgar as coisas positivas que estão sendo feitas por aqui. Para conversar, fomos tomar uma cerveja no restaurante e foi então que conheci a Brahma paraguaia, que é servida em garrafas de 940 ml.
E ali ficamos um bom tempo, em companhia de outros amigos que chegaram, falando em espanhol e guarani. Guarani eles, espanhol eu, claro. Ao contrário do que imaginei, no Paraguai não é apenas a polulação indígena que fala o guaraní, mas todo mundo. Então tratei de aprender algumas palavras e expressões, como por exemplo: Che añe’ë Guarani (Eu não falo guarani) ou Mba’eichapa (Olá).
É estranho presenciar as pessoas falando uma língua incompreensível num país “parede-e-meia”, como o Paraguai. Parece que algo esta errado… mas é apenas minha ignorância.
E hoje, segunda-feira, a semana começou sob intenso temporal. Chovia copiosamente durante a madrugada e a manhã não foi diferente.
Por volta das 10 hs, o Gustavo apareceu, convidando-me para irmos à presença do intendente (prefeito), Sr. Mario Torres, o que fizemos.
… concedi uma entrevista e já descolei uma interessante pauta que farei assim que o tempo permitir.
E agora estou na única lan-house da cidade, teclando ao lado de uma porta que do outro lado tem uma vaca mugindo incessantemente desde que cheguei. Pelo intensidade do seu berro, ela está a um palmo da porta. Melhor nem abrir…
RESUMO CICLÍSTICO (ontem):
DATA: 20. Novembro. 2011 / Domingo
LOCAL: Dr. Juan León Mallorquin, Alto Paraná (Paraguai), ALTITUDE: 240m
PAISES: 2
POUSOS: 22
TEMPO: Dia nublado pela manhã, chuva fraca à tarde
TEMPERATURA: 19ºC a 30ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 61 km (Ciudad del Este – Mallorquin )
MÉDIA: 12 km/h
VELOCIDADE MÁXIMA: 52 km/h
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: 08:20 hs / 15:00 hs
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: plano
CONDIÇÃO FÍSICA: Excelente
DIAS DE ESTRADA: 79
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 61
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.387 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar):1.387 km
RESUMO CICLÍSTICO (hoje):
DATA: 21. Novembro. 2011 / Segunda-feira
LOCAL: Dr. Juan León Mallorquin, Alto Paraná (Paraguai), ALTITUDE: 240m
PAISES: 2
POUSOS: 22
TEMPO: Dia muito chuvoso
TEMPERATURA: 16ºC a 25ºC
KMs PEDALADOS HOJE: –
MÉDIA: –
VELOCIDADE MÁXIMA: –
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: – / –
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: plano
CONDIÇÃO FÍSICA: Excelente
DIAS DE ESTRADA: 80
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 62
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.387 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar):1.387 km
Parabéns pela máteria, otima postagem
bjs.
Beleza, Vitorio. Sigamos.
Grande Elcio, tudo de lindo nesta nova fase. Abração.
Fala, Clovao.. Ta sendo : P
Elcio oiii!
Nossa to muito feliz!
Viva o Facebook, viva o Gustavo Benitez, viva o Prefeito de Mallorquín! 🙂 rsss
Gente boa há em todo lugar… não há idioma, fronteira que impeça esses encontros maravilhosos!!!
Boa estadia nesse lugar hospitaleiro e “muchas gracias Mallorquín” 🙂
Y yo outorgo estos agradecimientos.
Post 2:
Achei maravilhoso ver o Rafael e o Guilhermo indo ao seu encontro!!!
🙂 Beijo e fica com Deus!
Eu tambem, Vera
Elcio,vi a materia,maravilha e continue assim com a ajuda de Vera Alice,e toda a populaçao recebendo vc com carinho e suprindo suas carencias de amigos,vc esta se saindo bem,os amigos dando as maos,e tdos embuidos e um so coraçao,fazer vc chegar ao destino final.Siga sempre com a ajuda dos amigos e de DEUS,bjos
Beleza, Fabiola. 1400 kilometros e até aqui tudo bem.
Esses choques culturais são incríveis: Não ter café nos bares, língua tão diferente, comida fria.
…mas será que por uns 1000 PYG ela não botava esse prato um minuto no microondas?
Ehehe… nem precisava isso… à noite tomei o cuidado de acrescentar a frase “pero caliente, si?” E funcionou.
A julgar por essas primeiras pedaladas no exterior, a sorte, o acolhimento e as gentilezas estão contigo. Parabens, aproveite e boa sorte. Abração!!
E principalmente os amigos, Leao
Demais o “hoy non hay” e viva la Veralice, tornando concreta nossa virtualidade em terras guaranis. Já, literalmente, sonhando com suas façanhas … De Ubatuba
Ae, Xico. Pues… y aca estamos ya… ¿ves como la bici va lejano?
PS. Por um momento, com a história da vaca sagrada ou profana pensei que vc já tivesse alcançado às Indias.
E o carregador solar? Funciona bem?
Eu ia sugerir um cubo com dínamo na sua roda dianteira para carregar seus gadgets!
Rapaz, comprei mas ainda nao testei… O cubo de roda era uma ideia, mas se o carregador solar funcionar nao havera necessidade.
Elcio ,
Tenha paciência com as aproximações de curirosos ,isso é impossível de evitar , mantenha sempre a cordialidade e olho vivo !
Suerte!
Pues… eso es lo que hago… pero siempre preocupante.
😛
Vera, cade você? : )
estoy aquí… Lo que quiere ?
Dime 🙂
Reclinada no interior chama atenção mesmo. Melhor ir se acostumando, você será a estrela do pedaço.
Surpreendente Mallorquin, bonitinha e muito verde. Que o Paraguai te reserve mais surpresas agradáveis…
Essa eh a graça de sair por aí Augusto. Uma novidade em cada esquina
Ola Elcio! Estamos contentos que estes pasando bien en Mallorquin. Por las fotos que pudimos apreciar te volviste muy importante!Saludos, Rafael, Magdalena (ya de vuelta a CDE) y Guillermo.
Gracias, Magdalena. Por todo. Estuve muy bien mientras en casa tuya. Muchissimo bien recibido por Rafael y Guillermo. Pero para que yo me vuelva muy importante, algunos miles de kilometros todavia pasarán hehe beso
Maravilloso Pedal de Oro,con gran suseso en tierras Paraguayas, si en la primera experiencia fuera de Brasil un prefecto te recibe, luego adelante sera un Presidente, un super parabens para VERALICE, esta es una mujer de garra, gracias por ayudar el Pedal de oro, mucha suerte amigo
Gracias, amigo. Sigamos adelante, pues
Forca e bola pra frente!
No caso, rodas pra frente Joe hehe
Moleques são curiosos, vacas geralmente são mansas(principalmente as leiteiras)brahama paraguia e comida fria.
Nada que assuste.
E o comboio segue.
Abraço.
Ateh agora, sem novidades Jura
Curta o Paraguay!
…adoro este país.
Pois eu estou aprendendo a gostar tambem, Pole. Dificil eh aprender a lingua dos caras… ainda bem que tambem falam o espanhol, senao eu tava na roça
É a fase do estranhamento, deles e seu. O estrangeiro é um bicho estranho para eles (e um pouco para nós aqui). Não perca de vista a sua fragilidade montado em uma bicicleta, evite lugares ermos e mantenha a cordialidade e simpatia que é sua característica.
Estamos fazendo o possivel, Renato. Ateh aqui, por onde passei fui bem recebido. Quanto ao perigo… bem, esse existe desde que saimos da mae. Sao demais os perigos desta vida, dizia o poeta.
Muito bom Guerreiro, siga firme, muita gente, assim como eu, que não te conhece está torcendo por ti, carregados de uma “inveja” positiva por não ter a coragem que voce teve!
Um grande abraço!
Moisés
Olah Moises. Obrigado pelo incentivo. O que estou fazendo eh apenas dar umas voltas de bicicleta um pouco alem do quarteirao… vamos juntos
#nãoconhecia!
Não é de se estranhar que no Paraguai não se use capacete e outras medidas de segurança são ignoradas ,(ex: com 13 anos de idade pilotar uma moto)afinal é um país jovem ainda só 200 anos.
Duro é imaginar que nós brasileiros já com 500 anos ,ainda sofremos com a simples falta de saneamento básico, pra não falar nas outras tantas prioridades, fico meio “P” da vida quando brasileiros envaidecidos metem a boca no Paraguai e esquecem de olhar para o seu quintal.
Arriba
E com toda razao, Borba. De fato, temos de resolver os probemas da nossa casa antes de falarmos da casa do vizinho. Ambos os países pisam na bola em vários pontos.
A Veralice ta nadando de braçada no PRL
Oi primo!!! Gostei das fotos, da história da vaca, da Fanta plastificada. Ruim mesmo deve ter sido a comida fria né…rsrsr mas faz parte. Saber que voce está sendo bem acolhido e recebido já é o suficiente para ficarmos felizes.Beijão e fique com Deus…
ELCIO, PARABENS PELA CONQUISTA DESTA PRIMEIRA FORNTEIRA, MUITAS OUTRAS VIRÂO. TORÇO MUITO POR VOCÊ.
FELICIDADES.
VALEU EDMILSON. BRIGADAO Y SIGAMOS, PUES!