PROBLEMA SEM SOLUÇÃO
Ontem, dia de sábado, tudo estava agitado em Caaguazú. Ao por-do-sol, perambulei a esmo pelas ruas apreciando as cenas que fazem desta uma típica cidade paraguaia. Ao menos aos meus olhos de brasileiro…
Ao voltar ao hotel, outra cena bem Paraguai… aqui todos curtem ficar sentados vendo a vida passar, como a simpática dona do estabelecimento.
Só lhe faltou o tereré prá situação ser ainda mais típica.
Ao jantar, procurei um restaurante que servisse comida de verdade, e não petiscos como tortillas, empanadas y otras cositas que no és siempre que quiero comerlas. Havia um, bem no trevo da Ruta 7, que me agradou por ter várias mesas para fora.
Isso combinava tanto com o calor que fazia quanto com a vista das carretas passando…O Paraguai, como o Brasil, move-se sobre pneus (e não rodas de trem, como eu preferiria ver).
A comida era boa, o único problema é que não havia cerveja pequena. Então tive de contentar-me com uma grande. E tudo ao som de muita música cantada em guarani. Adoro ouvi-las.
Pela cidade, carros e motos em profusão circulavam a praça enquanto o efeito da cerveja ia fazendo com que eu sentisse muito sono. Um pouco antes do que deveria, fui dormir.
Ou tentar, já que o calor era insuportável. Sobre mim um ventilador de teto. Jamais gostei de dormir tendo o estímulo do vento sobre a pele, mas ali era isso ou sufocar. Acordei com dor de cabeça, não sei se pela cerveja, se pelo nariz entupido ou por ambos… Saí bem cedo…
Tomei um café na padaria…
E lancei-me à aventura de sobreviver à Ruta 7. Logo à saída de Caaguazú brinquedos expostos para venda davam um tom alegre ao ambiente matinal deste domingo.
Parei para comprar bananas, maçãs e logo à frente também para calibrar os pneus numa das incontáveis gomerias do caminho. (Em Mallorquin, os amigos em volta à mesa gargalhavam saborosamente ao som da palavra “borracharia”, que para eles soa como “lugar onde se enche a cara”).
Fui monitorando a distância a percorrer graças às placas rodoviárias, que me indicavam não apenas o quanto faltava para o meu destino mas também o quanto teria de pedalar se decidisse, sabe-se lá porque, desviar-me para outros lugares.
Sendo domingo, nas igrejas à beira do asfalto havia gente, festa…
A certa altura parei à sombra para descansar…
.. e pude presenciar uma cena inusitada, tipicamente rural. Um carro de boi que se aproximava vindo em minha direção não conseguia progredir porque a vaca que trazia a reboque não estava a fim de ir para o mesmo lugar que os demais ocupantes do veículo – bois de tração aí inclusos.
Então ela empacava, sentava-se no chão e fazia toda a força para evitar ser arrastada.
Mas não a arrastavam, ao invés disso o condutor a chicoteava com violência.
Ela se levantava e seguia mais alguns metros até repetir toda a cena. O problema é que as chicotadas quase invariavelmente eram na cabeça do animal. Interferi:
– Así le va acertar el ojo!
Nao sei se ele entendeu, mas maneirou. Apesar disso o drama continuou até virarem a esquina e sumirem de vista.
Voltei ao acostamento para retomar a luta com as lombaditas, como o Arthur as denominou.
Tomei a liberdade de rebatizá-las como lombaLditas, já que são uma mescla de lombadas com malditas. Não te deixam relaxar e curtir a paisagem, sob o risco de arrebentar um raio ou, pior, uma roda.
Cruzando uma equipe de reparos no asfalto, muitas máquinas e muitos peões vestindo abóbora em meio à estrada, aproveito a oportunidade e gasto meu guarani:
– Mba´eichapa!
E eles respondem
– Iporã
E eu sigo todo contente porque adoro falar guarani. Hehe E, sobretudo, antes que alguém tente estender a conversa…
De repente estou próximo de onde pretendo ficar por hoje.
O sol castiga e ainda bem que cheguei. Na minha opinião o sol é um dos maiores inimigos do cicloturismo de longa distância. Arreia mesmo a bateria do sujeito.
E eis que estamos na capital do departamento de Caagazú, a cidade de Coronel Oviedo (a capital é aqui e não em Caaguazú , como eu disse em posts anteriores).
Busco um local para me instalar, consigo um desconto, tomo uma ducha, saio a buscar algo para almoçar… nada. O sol torrando, não dá prá ficar andando de bobeira vendo esse monte de portas fechadas. Apelo e sigo para onde a proprietária do hotel dissera haver um restaurante “caro”.
Hoje é domingo, penso…
Almoço, volto às ruas, descubro que acho Caaguazú bem mais charmosa do que Coronel Oviedo…
… e estaciono numa lan-house, miraculosamente aberta nesta tarde parada.
E aqui estou já há umas quatro horas tentando solucionar o problema de como legendar videos no YouTube. Quase consegui, mas voltei à estaca zero, porque além de legendá-los também preciso cortá-los. Esse problema tá mais do que enchendo o saco. Enquanto não o solucionar, não tenho porque fazer novas reportagens. E sem apoio técnico a situacão já dura semanas… Por hoje já estressei e desisti de tentar. Cicloturismo só de bicicleta é bem mais simples…
RESUMO CICLÍSTICO :
DATA: 27. Novembro. 2011 / Domingo
LOCAL: Coronel Oviedo, Caaguazú (Paraguai), ALTITUDE: 170 m
PAISES: 2
POUSOS: 25
TEMPO: Dia muito ensolarado
TEMPERATURA: 20ºC a 33ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 46 kms (Caaguazú a Coronel Oviedo)
PAVIMENTO: Acostamento asfaltado, com lombalditas
MÉDIA: 11 km/h
VELOCIDADE MÁXIMA: 54 km/h
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: 08:30 hs / 12:30 hs
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: plano
CONDIÇÃO FÍSICA: Excelente
DIAS DE ESTRADA: 86
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 65
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.517 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar): 1.517 km
Será que no hay uno especialista em legendas na sua rede de relacionamento que poderia ajudá-lo?
Sugiro que você continue as reportagens, mesmo em espanhol, que a gente vai entendendo.
Abs
É… deveria, Renato. Mas meu profissionalismo me impede.
Elcinho, puxa vida… passei o problema para uma amiga, a Sílvia, lembra dela? Jornalista de Araraquara. Como ela costuma baixar filme e legendas, talvez ela tenha alguma dica para o seu caso… quem sabe… vamos aguardar… bjs
A Silvia tá em Araraquara, Sheila? Ói, que debandada… vc tá firme em RP, né? : )
CARA !! VOCÊ TEM TODA RAZÃO.CICLOTURISMO SÓ DE BICICLETA, SEM AS FACILIDADES E O PESO DA INFORMÁTICA. COM A CABEÇA LIVRE, PRA SENTIR O VENTO NO ROSTO DO PEDAL.BELAS FOTOS.
Recomendo! Computador é um pé no saco
É isso aí companheiro. To te acompanhando desde o começo. Parece que você vai looonge !!
Um dia a gente se cruza!
Beleza, Mauro. Apareça por aqui, prá gente tomar uma Brahma paraguaia hehe abraçao
Maravilha Elcio! Obrigado por acatar minha sugestão… Agora com mais essa informação sobre o Pavimento, um guia de cicloturismo está tomando forma no seu resumo ciclístico….hehehe….
Abraços e boa sorte!
Sem dúvida, Rubiam. Mas acho que vai ser uma daquelas informaçoes úteis mas que pouco mudam… “Acostamento asfaltado”, com variaçoes, deverá nos acompanhar por muuuuito tempo (espero hehe). Abs e obrigado pela sugestao
Oi Elcio, tudo bem?
Nenhuma evolução com aquele programa que eu te falei?
Até Mais,
Rafa
Camarada, vê se nessas andanças nos traz dicas sobre a música paraguaia, suas polcas e guarânias.
Beijão
Po, Silviao… prá mim fica difícil… o que ouço é o que se ouve nas ruas. Muita música brega paraguaia, algumas em guarani (que sao sempre muito alegres) e outras brasileiras…. Pois… ouço várias músicas brasileiras aqui. Nada muito sofisticado… mas que rolam, rolam. Quanto às polcas e guarânias, teria de me aprofundar… fazer uma pesquisa. Isso nao ouço na rua.
Ok, ok, pena que o fantasma da informática esteja roubando um pouquinho de sua alma, a tranquilidade para apreciar.
Aventuras como a sua não deveriam ser tecnológicas…
Bjs.
Concordo, mas se nao fossem, nao haveria blog e nem estaríamos aqui nos comunicando…
Oi primo!!! Coitadinha da vaquinha…,achei a cidade de Caaguazú muito pacata para o meu gosto, mas valeu muito sua passagem por lá…já Coronel Oviedo vamos conferir e quanto aos problemas tecnológicos são um porre mesmo, por isso que não ouso me aprofundar porque não tenho muita paciência não rsrs…e também não pagaria o preço de ficar sem o seu Blog com as postagens diárias esperando tu voltar da viagem para só assim conferir o resultadode suas andanças…então muita calma nessa hora,vamo que vamo…um beijo enorme em seu coração e fique com Papai do Céu !!!
No fim tudo dá certo, prima. Se não deu certo é porque não chegou ao fim ainda. 🙂
Hola Elcio, ésta es una información para que tengas en cuenta:Caacupe es la capital espiritual del Paraguay, allí se encuentra el Santuario Nacional en homenaje a la Virgen de Caacupe, patrona del Paraguay. El día de la Virgen es el 08 de diciembre. Eso quiere decir que desde Coronel Oviedo a Caacupe vas a tener mucha compañía, pues muchos peregrinos hacen ese trecho caminando, y ni hablar en el trecho de Caacupe a Asunción que es mucho más concurrido.Abrazos.
Hola, Rafael. Los he buscado, pero nadie todavia. Creo que tienes razón cuanto a mucha gente entre Caacupé y Asunción. Otra cosa: me he recuerdado de ti cuando he pasado adelante de la chiperia de Ana Maria (era asi mismo?). Mucha gente… Pero el calor era tanto que la ultima cosa que queria en aquel momento era una chipa… Que pena.
Lombalditas… além de quebrar raios, podem causar lombalgias, hehe. Pelas fotos, as rutas estavam tranquilas, não dava pra decansar do acostamento e rodar um pouquinho pelo asfalto mesmo? Otra cosita: Nas cicloviagens paroquiais que fiz, sempre tentava evitar as vias principais, buscando estradinhas vicinais, mais tranquilas e, muitas vezes, mais bucólicas. Não sei se a idéia é aplicável ou recomendável por aí, mas fica a sugestão.
Uso muito a pista também, Augusto. Na verdade, sempre que a bicicleta embala e o retrovisor permite. Mas a maior parte do tempo é no acostamento mesmo. Quanto às secundárias, por ernquanto não é o caso. Já estou atrasado demais.. hehe
Cara,não consegui formar opinião sobre esta pagina, mais percebi suas dificuldades.
Então continuo na garupa e na torcida.
E o comboio segue.
Abraço.
Bora!
Sim Rafael, minha mãe é devota da Virgencita de Caacupe, temos em casa várias imagens de terracota a da minha mãe é toda enfeitada com lantejoulas douradas e tem até cabelo cacheado loiro, louco né? Na verdade minha vó (índia) era devota da Virgencita. Estou curiosa por fotos :)!
Que a Virgem te acompanhe Elcio !!!!
Ah ! Caacupe pros Paraguaios seria ….mais ou menos um misto de Santuário da Nossa Senhora Aparecida com Juazeiro do Pdre Cícero.
Hola Betina,que bueno saber que tenes raíces paraguayas!!, algún día vamos a conocernos personalmente.La Virgen de Caacupe no solo es venerada en Paraguay, también lo es en la región de frontera con los países limítrofes, principalmente Argentina y Brasil.La virgen de Caacupe esta para los paraguayos, así como la Virgen de Aparecida esta para los brasileños.Abrazos.
Sim com certeza Rafael. Gosto muito das minhas raizes latinas, sangue guarani misturado com o do bandeirante paulista, com influências gringas! Bacana vai ser o Elcio cruzando o Chile, vamos torcer pra ele mostrar a cultura dos Mapuche né? Abraços hermano !
Vc teve que fazer um sacrifício muito grande pra tomar uma a cerveja grande? kkkk.Fiquei com dó da vaca, mas infelismente muitas pessoas acham que o animal não sente dor. Bjsss.
Mas ela tava mugindo de solidão, eu acho. Foi o que me pareceu quando saí prà fazer xixi e a vi .
Finalmente formei ou partilho da opinião sobre esta pagina, é a mesma da Lucila, sobre a cerveja e a vaca.
Obrigado Lucila.
E o comboio segue.
A Lucila sabe o que diz.