\\ Blog diário de bordo

15 Feb 2012

ENFIM, ARGENTINA !

Tendo tirado o dia para descanso não só dos músculos como dos ossos e de todo o resto, ontem à tarde saí pelas ruas de Encarnación a perambular. Dei umas voltas pelo centro, mas a parte mais atraente da cidade é mesmo, indiscutivelmente, a Avenida Costaneira.  Então para lá me dirigi e ali fiquei olhando o rio, o céu, a Argentina…

E aproveitei para visitar também as instalações do sambódromo local.

Aqui o carnaval dura 4 finais de semana. O próximo será já o último e eu mal me havia apercebido de que estamos em pleno reinado de momo.  Preciso enfiar o dedo na tomada, prá ver se me ligo… O que sim percebi é que depois de tanto tomar sol apenas n´algumas partes do corpo, estou ficando furtacor.

Um bronzeado meio ridículo, mas cromicamente condizente com o cicloturismo.

A tarde foi caindo e então decidi voltar ao mesmo bar de onde assisti ao por do sol ontem.

O lugar é deveras agradável e refiz a cena, com a mesma cerveja e tudo o mais.  O sol, por sua vez, também repetiu o mesmo espetáculo – e assim ficamos todos contentes, inclusive a Cynthia, a simpática atendente do bar que me deu dicas preciosas sobre Encarnación e Posadas.

Pela manhã, montei a bicicleta e saí preparado para rodar 10 kms, até um local chamado La Aventura, que dentre outras coisas é um Albergue da Juventude em Posadas, às margens do Rio Paraná.  Dirigi-me à ponte que liga os dois países mas dei uma parada no caminho, numa bicicletaria, para lubrificar a corrente e reapertar um dos retrovisores.  Fui muito bem atendido pela Marcela e pelo Guillo (será assim que se escreve?)…,

… e então já nada mais me prendia ao Paraguai.

Em poucos minutos estava na entrada da ponte…,

… onde recebi no passaporte o carimbo de saída.

E no minuto seguinte encontrava-me sobre a ponte…

… só para descobrir que ao pedalar ali estava fora da lei…

Mas não iria desmontar ali… não havia ninguém para dizer nada e então continuei.  No meio da ponte, a divisa entre os países…

E assim estava na Argentina!  Ueba!  Na fila para os trâmites de chegada…,

… uma surpresa: 30 anos após a guerra, os argentinos seguem reclamando a posse das Falklands, que aqui só são chamadas de Malvinas.

Mais um pouco e já estava com meu carimbo de entrada.

Ía sair pedalando quando fui parado por um oficial da Aduana (alfândega)… o cara veio com ares de quem iria me pedir para desmontar todos os alforjes, então fiz cara bem de idiota (sim, mais), com um sorriso imbecil de fora a fora e consegui desta forma manter a conversa no “de donde vienes, para donde vas?”.

Aí sim estava pronto para entrar em Posadas, pleno território hermano.

Uma grande diferença em relação a Encarnación.  Posadas é uma cidade bem mais moderna, bem mais próxima do que um paulistano como eu está acostumado.

Confesso que já sentia falta de algumas das facilidades proporcionadas pela metrópole, internet facilmente localizável incluída.  Mas também sei que daqui prá frente vamos retornar às terras de ninguém, ou dos muares para ser mais exato.

Atravessei Posadas e dirigi-me diretamente a La Aventura, que fica uns 5 kms prá lá do centro.  O local é interessante, uma espécie de clube à beira do rio.  Instalei-me, valendo-me do fato de que o peso está bem desvalorizado em relação ao real.

Lavei roupas (até que enfim…) e dirigi-me às bordas do rio.  Fazia um calor infernal e um tchibum viria bem a calhar.  Sem ninguém prá encher o saco, fui seguindo a cerca até o final…

e … chuáááááá´…. que delícia !!!   Estamos imersos no Paraná, compartilhando de suas moléculas aquosas com sabe-se lá quantos coliformes, mas não importa.  Não estou nem aí prá essa merda.

Nadei à vontade e, não satisfeito, ainda subi as escadarias e mergulhei na piscina.  Mas esta tinha gosto de cloro.

Fiquei pouco em suas águas e fui tomar banho de chuveiro.  Logo já estava almoçando no restaurante local, muito chique por sinal, um pouco mais até do que eu preferiria.  Mas a suprema de pollo al limón estava squisita.

Sem um puto no bolso (isso é, sem pesos porque reais e guaranis eu tinha), não tive como pagar a conta, já que a maquininha do VISA não estava funcionando.  Deixei R$ 50,00 como garantia e fiz o mesmo no bar, onde consegui algumas moedas para fichas do computador (computador a ficha… lembrou-me minha vida em Londres, onde o relógio de luz funcionava assim).

Consegui ainda com o pessoal do bar 2 pesos emprestados para poder pegar um ônibus até o centro, onde pretendia obter dinheiro argentino e sair de vez desse perrengue.

E foi o que fiz, sob um sol escaldante que logo se transformou em chuva, quando chegava a downtown.

Deparo-me com uma cidade fechada.  É la siesta, com a qual nunca vou me acostumar.

Refugio-me no shopping center, onde encontro (aberto) tudo o que preciso…,

… caixa automática, água gelada, café e internet.  Ando mesmo mal acostumado.

E agora, quando terminar de redigir este post, vou dedicar-me a estudar detidamente o Google Maps, porque o caminho que me aguarda será mais difícil do que o que tenho trilhado.  Serão 1003 kms até Buenos Aires, por campos e pastagens.  Se consigo pedalar 70 kms/dia cubro a distancia em 14 dias.  Se pedalo 60, serão 17.  Mas são apenas conjecturas, a realidade sempre é muito outra…  Aqui e agora aproveito os últimos momentos de conforto que a civilização me pode proporcionar.

 

 

RESUMO CICLÍSTICO :

DATA: 15. Fevereiro. 2012 / Quarta-feira
LOCAL: Posadas (Departamento Misiones, Argentina), ALTITUDE: 124 m
PAISES: 3
POUSOS: 35
TEMPO: Dia quente
TEMPERATURA: 33ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 10 km (Encarnación a Posadas)
PAVIMENTO: Basicamente, uma ponte
MÉDIA: uns 10 km/h
VELOCIDADE MÁXIMA: 35 km/h
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: 09:00hs / 10:30hs
OCORRÊNCIAS: nada
TOPOGRAFIA: plana
CONDIÇÃO FÍSICA: Boa
DIAS DE ESTRADA: 102
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 73
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.986 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar): 1.986 km

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