QUERO FICAR EM POSADAS
Depois de tanto tempo absorvendo a cultura paraguaia, entrar na Argentina causou-me considerável espanto. Tenho profundo carinho pelo Paraguai, nuestro hermanito más chico, mas estar em Posadas na noite de ontem relembrou-me algumas das mais agradáveis noitadas que já vivi. E isso em plena quarta-feira… Impossível não comparar. O Paraguai é uma terra de costumes simples, onde tudo carece de melhorias urgentes. Pareceu-me mesmo estar incorporado ao hábito do povo um laissez-faire que resulta, em última instância, num país mal acabado, no qual não há nada que não possa ser deixado para após mais um tereré…
Já em Posadas (não posso falar pela Argentina, ainda não a atravessei como fiz no Paraguai), o que vi foi uma cidade vibrante, desde seus arranha-céus que destacam-se contra o por do sol até a fervilhante movida que animava as ruas ontem à noite.
Acho que talvez seja isso que se quer dizer quando se diz que a Argentina tem muito da Europa. Como nas melhores noites estivais de Paris ou Madrid, cultura, arte e alegria misturam-se nas esquinas daqui, dentre mesas nas calçadas…
… e crianças ensopadas fazendo algazarra sob a água da fonte.
Na Plaza 9 de Julio, defronte à igreja, metal pesado.
Um pouco além e pintores a spray criavam quadros sob o aplauso da platéia…
…um deles, aliás, produzia obras que para mim eram espetaculares.
Creio que excluindo megalópoles como São Paulo, a última vez que vi tamanha agitação noturna no Brasil foi em Balneário de Camboriú.
Não resisti e deixei-me envolver pelo clima de alegria, bebemorando ao sabor de uma Patagonia de trigo.
E olhe que nem fui até a Avenida Costaneira, porque esta no caso de Posadas fica relativamente distante do centro… O fato é que por mais que goste do Paraguai lá eu me sinto um peixe fora d´água, enquanto aqui estou no meu elemento.
Já hoje, meu último dia de descanso, fiz alguns trâmites inadiáveis… cambiar dinheiro, comprar protetor labial e uma bandeira da Argentina. E assim, de volta ao hostel, procedi à cerimônia da troca das bandeiras, com toda a pompa e solenidade que a circunstância merece (ou deveria dizer “com toda a pompa e circunstância que a solenidade merece”?).
Agora encontro-me numa lan house analisando no Google Maps quais as paradas que posso fazer em meu trajeto de mais de1000 kms até a capital. É uma equação difícil, já que em muitos casos não há cidades, vilas ou sequer lugarejos ponteando distancias razoáveis pelo caminho. Sinto-me incomodado em lançar-me neste deserto verde, mas faz parte deste desafio. Por enquanto, os pontos de parada ficaram assim (sujeitíssimos a modificações sem prévio aviso):
DIA 1
Posadas a San José
53 KM
= 53 KM
DIA 2
San José a Santo Tomé
107 KM
=160 KM
DIA 3
Santo Tomé a Alvear
86 KM
= 246 KM
DIA 4
Alvear a Tapebicuá
66 KM
= 312 KM
DIA 5
Tapebicuá a Pucheta
81 KM
= 393 KM
DIA 6
Pucheta a Mocoretá
110 KM
= 503 KM
DIA 7
Mocoretá a Concordia
93 KM
= 596 KM
DIA 8
Concordia a Ubajay
66 KM
= 662 KM
DIA 9
Ubajay a Concepción del Uruguay
87 KM
= 749 KM
DIA 10
Concepción del Uruguay a Gualeguaychú
73 KM
= 822 KM
DIA 11
Gualeguaychú a Ceibas
66 KM
= 888 KM
DIA 12
Ceibas a Campana
86 KM
= 974 KM
DIA 13
Campana a Buenos Aires
81 KM
= 1055 KM
Mas isso se Deus quiser…
RESUMO CICLÍSTICO :
DATA: 16. Fevereiro. 2012 / Quinta-feira
LOCAL: Posadas (Departamento Misiones, Argentina), ALTITUDE: 124 m
PAISES: 3
POUSOS: 35
TEMPO: Dia quente
TEMPERATURA: 35ºC
KMs PEDALADOS HOJE: 0 km
PAVIMENTO: –
MÉDIA: –
VELOCIDADE MÁXIMA: –
HORÁRIOS PARTIDA / CHEGADA: – / –
OCORRÊNCIAS: –
TOPOGRAFIA: –
CONDIÇÃO FÍSICA: Boa
DIAS DE ESTRADA: 103
DIAS PARADO (em reportagem, turismo ou descanso): 74
KMs PEDALADOS ACUMULADOS: 1.986 km
QUILOMETRAGEM TOTAL PERCORRIDA (inclui ar + mar): 1.986 km
